A "instituição" não é a "organização"
(... (...)Trazemos da análise institucional o conceito de instituição. Desse modo, a instituição “Saúde Mental” compreende uma forma social (ou uma forma geral das relações sociais) traduzida subjetivamente. É uma produção, mas uma produção abstrata, daí não necessariamente visível ou mensurável. E também concreta, pois seus efeitos são práticos. Se traduzem em relações sociais onde circulam elementos interpessoais, familiares, técnicos, clínicos etc. São, por assim dizer, a materialidade do cotidiano Ao dizer “instituição” e não “organização” da Saúde Mental, evitamos captar o dado apenas empírico, ou seja, o das identidades fixadas em papéis sociais, como por exemplo os de psiquiatra e/ou de doente mental. É que para chegar aos problemas reais e às suas causas, buscamos outro olhar.Um olhar que quebre os clichês perceptivos marcados pela moral e inseridos no universo da representação Então, quando falamos de instituição, e mais precisamente, de instituição Saúde Mental, falamos de outra coisa que não (no caso do hospital psiquiátrico) da organização administrativa – o prédio, seus muros - ou dos dispositivos práticos – a contenção do paciente no leito, a hora da medicação etc . Queremos, mais profundamente, registrar que a Saúde Mental é um pensamento enraizado na subjetividade dos que nela acreditam e a servem. Isso pressupõe, entre outras coisas, a divisão binária loucos/normais.
(...)
A.M. - do livro Trair a psiquiatria
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