segunda-feira, 10 de setembro de 2012


A "instituição" não é a "organização"

(... (...)Trazemos da análise institucional o conceito de instituição. Desse  modo, a instituição “Saúde  Mental” compreende uma  forma  social (ou  uma  forma  geral das relações  sociais)  traduzida subjetivamente. É uma produção, mas uma produção  abstrata, daí  não necessariamente  visível ou mensurável. E também concreta, pois seus efeitos são práticos. Se traduzem em  relações  sociais onde circulam elementos interpessoais, familiares,  técnicos, clínicos etc. São, por  assim  dizer, a materialidade do cotidiano  Ao dizer  “instituição” e não  “organização”  da  Saúde  Mental, evitamos captar o dado apenas empírico, ou seja, o das identidades fixadas em  papéis sociais, como por exemplo os de psiquiatra e/ou de doente mental. É  que para chegar aos problemas reais e às suas causas, buscamos outro olhar.Um olhar que quebre os clichês perceptivos marcados pela moral e inseridos no universo da representação Então, quando falamos de instituição, e mais  precisamente, de instituição  Saúde Mental, falamos  de  outra  coisa que  não  (no caso  do  hospital  psiquiátrico)  da organização administrativa  – o prédio, seus  muros -  ou dos dispositivos práticos – a contenção do paciente no leito, a hora da medicação etc . Queremos, mais profundamente,  registrar  que a  Saúde Mental  é um pensamento enraizado   na  subjetividade dos  que nela acreditam e a servem. Isso pressupõe, entre  outras  coisas,  a divisão   binária loucos/normais. 
(...)
A.M. - do livro Trair a psiquiatria

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