sexta-feira, 12 de outubro de 2012


PORQUE A ARTE

Falamos da  arte como composição de linhas  subjetivas que  buscam  expressar e criar um mundo. É possível captar essas  forças no Encontro com o paciente. A psiquiatria capta outras forças, é bem verdade, as do organismo físico-químico adoecido pelas condições em que vive. Isso  significa fabricado por múltiplas determinações que escapam ao controle do eu. Escapam também ao enquadre linear causa-efeito. Contudo, o que o paciente diz sentir é o que importa. A arte, surge, então, como resistência às situações  existenciais  adversas. Nesse sentido  ela está  fora da  psiquiatria, não havendo Encontro possível. A linguagem da arte é  inseparável da sensação,  pura sensação que constitui a subjetividade como semiótica a-significante.Ou seja, não sendo submetida à consciência (“eu, enquanto indivíduo”), a produção da arte é uma produção de singularidades que retira matéria viva do caos. Na psiquiatria atual, biológica, farmacológica, "cidológica", no lugar da produção, só há produto. Este é capturado (e  imobilizado)  por remédios químicos e exames de imagem. Sob controle.
(...)
A.M.


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