OUTRAS POLÍTICAS
Apesar do anacronismo dos termos "Direita" e "Esquerda", é possível utilizá-los como referências móveis para situações políticas atuais. A gigantesca onda anti-Dilma fez e faz por ocultar diferenças políticas finas sob um regime de aparência imagética que a mídia produz sem cessar: subjetividades do eu consumidoras do ressentimento. Desse modo, o conservadorismo, a direita, o fascismo, o personalismo autoritário, o obscurantismo, o liberalismo, o neoliberalismo, o oportunismo midiático, etc, quase tudo camufla-se em “boas intenções” e avança sorrateiro na adesão a formas sociais rígidas. No entanto, essas “formas sociais rígidas” jamais são mencionadas. Dir-se-ia: tudo deve mudar para nada mudar. Um exemplo sórdido são os que querem a volta dos militares. Mas há muitos outros, não tão idiotas, não tão estultos, mas, ao contrário, intelectualmente refinados. Estão por toda parte. A cena política brasileira e o seu ideário egóico ilustra o dualismo estéril direita/esquerda. Além disso, o esquema das idéias carcomidas pelo cinismo do capital camufla os verdadeiros problemas sociais em prol dos jogos políticos de mega-interesses: eis os três poderes que, como diz o poeta Nicolas Behr, são um só: o deles. Em contraste, não consideramos a existência (isso seria uma “essência”) de uma Esquerda "pura", mas de um território sócio-subjetivo sem Dono, de uma dissolução do sentido e da análise dos fatos políticos a partir de elementos éticos postos em jogo. Trata-se da potência de uma vida, ou de milhões delas.
A.M.
Obs.: texto revisto e ampliado
Nenhum comentário:
Postar um comentário