sexta-feira, 16 de setembro de 2016

TEMPO DE ELEIÇÃO

Chega a hora das eleições, mas o tempo não passa. Ou, pelo menos, não salta para um outro universo de sentido, onde se poderia dizer: “enfim, algo  novo”. A fala da experiência do cotidiano (no trabalho, nas ruas, nos serviços, nas casas, etc) é expressão de um tempo que não passa. Mas que, apesar de tudo, passa.
Terrível paradoxo envolve o eleitor no cumprimento da sobrevida para viver, ao invés do desejo como produção de realidades.
Chega a Hora. É a do horário eleitoral gratuito, pelo qual se paga. E muito. Mas de nada adianta desligar o rádio ou a TV, pois as palavras do candidato ecoam para além dos fluxos eletrônicos,disseminando pelos céus a trama monstruosa do invisível poder visível. Tudo conflui para a exposição íntima de uma subjetividade votante. VOTE! A Publicidade faz a sua parte no negócio e o convencerá a fazê-lo.
Escolher um candidato passa a ser uma ação mental que oscila no mercado das ofertas clientelísticas, conforme razões de mando e comando do poder econômico em sua face mais risonha (todos riem...) e cínica. Com os pobres, os inferiores, os miseráveis, os servos, a palavra vira repetição automática.Ou não vira, não vira(no sentido em que se diz “esse carro não vira”), permanecendo em seu lugar o refrão  interminável dos dias da servidão “consentida”.A festa da democracia se anima, tudo é eletrônico, urnas engolem desejos.
No fim, que é o começo, ao longo da cena da disputa você aprende, cidadão, a não decidir.

A.M.

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