sexta-feira, 25 de novembro de 2016

NON SENSE

No trabalho clínico em saúde mental, a fala do técnico deve evitar o emprego do senso comum e/ou do bom senso. Isso desfiguraria a relação de ajuda, tornando-a mero simulacro de relações de poder como a do juiz ("eu julgo"), a do policial ("eu prendo), a do professor ("eu ensino"), a do sacerdote (eu salvo"), bem como a da família, resumo e condensação das anteriores, o que a psicanálise (arauto do familiarismo) já expôs ad nauseam. Desse modo, o técnico não é mais do que um facilitador dos processos existenciais de expansão da vida  e do aumento da potência de agir, como diria Espinosa. Isso posto, a psicoterapia , como técnica, está ao alcance de qualquer um, desde que ultrapasse a fronteira dos valores instituídos da moral burguesa e institua a ética da alegria no próprio meio (caos) contemporâneo. Tarefa difícil, complexa e inglória, reservada apenas aos que se deixam atravessar por uma espécie de"solidão povoada", um método em que a arte é o que move, o que impulsiona, o que vibra, e o que faz viver sem garantias ilusórias. Trata-se, enfim, de encarar o real.

A.M. 

Um comentário:

  1. Tarefa difícil, complexa, mas não é inglória. Mesmo que não se possa devolver ao mar todas as estrelas que "cambaleiam" na areia da praia, algumas poderão ser salvas. Ainda bem!

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