RIO, EU GOSTO DE VOCÊ
O Rio de Janeiro sente as chagas deixadas pela corrupção endêmica e pela irresponsabilidade administrativa sem limites. Gestores se lambuzaram na fartura de recursos do pré-sal, nas concessões irrestritas lançadas de maneira inconsequente na era Lula/Dilma, nos aportes da Copa do Mundo, da Olimpíada, no dinheiro que jorrava sem controle. E fizeram a festa. Quebraram o Estado. Saquearam o cofre. Mandaram às favas qualquer compromisso fiscal. Deixaram de lado o planejamento, a preocupação com provisão para eventuais apertos de caixa. Gastaram descontroladamente e desviaram mais ainda. O cenário mudou. A crise econômica, a crise do petróleo, a crise da instabilidade, a crise-mãe de todas as crises com o impeachment tomaram conta. E eles não estavam preparados. Não reservaram sequer um minuto de preocupação com o avanço do risco. Era tudo uma grande farra. A conta veio. Pesada. Implacável. Deprimente decadência do poder público enxerga-se naquelas paragens, causando estupor no Brasil e no Mundo. Vivem-se dias de caos por ali com arruaceiros organizando rebeliões. Quebra-quebras e confrontos são constantes. Inclusive deserções das forças convocadas a marchar pela ordem. A Cidade Maravilhosa agora é símbolo de uma tragédia prenunciada nas falcatruas, conchavos e fisiologismo de homens públicos que não deram o menor respeito ao voto recebido nas urnas. Dois ex-governadores presos em menos de 24 horas. O atual, Pezão, sitiado, jogando a toalha, perdendo por completo o controle da máquina, à mercê de baderneiros que tentam impor a ideia do quanto pior, melhor. O pacote de austeridade, com restrições agudas, recaiu sobre os servidores e a reação foi grande. Faz sentido. Em um governo marcado por distorções absurdas, privilégios ao Legislativo e ao Executivo são mantidos enquanto trabalhadores têm de pagar o pato. Mordomias de transporte, de subvenção de combustível e até para a compra de mil selos per capita aos parlamentares fluminenses persistem enquanto hospitais, escolas e salários ficam à míngua.
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Carlos José Marques, Isto É, 18/11/2017, 18:00 hs
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