DEVIR-MULHER
Todo rosto é uma paisagem. Mulheres povoam o deserto sem oásis. Paixões são deixadas no caminho dos tuaregues. Encontrei passagens secretas. Me deixei ir. Dormi com as algas. Salguei nas entranhas. Escorri com a chuva. O tempo avisou: a hora nunca chega. É difícil encontrar uma mulher anunciando o vento, arrastando enseadas. Lá vem ela em plena manhã de sol. Olho seus olhos. Como posso achá-los senão através de uma “longa preparação”? Me perco em romances e imagens. Protelo encontros cruéis. Essa alegria tão alegre, dói. Onde achei mulheres de rosto cósmico, as expressões do mal foram do bem. Fui direto às que teceram vidas e camas em espaços quentes. Adornei veias com traços heróicos de coxas lisas. Olhos graúdos me ensinaram a nadar na secura dos lábios. Cabelos muito pretos cheiravam aos perfumes do orvalho. Eles enlaçavam a alma viajante das intensidades em brechas do desejo. Pongando no seu corpo, saí a passear por planícies infinitas. Isso me trouxe a alegria em pequenos potes. Quantas vezes naufragamos? Toda mulher é uma paisagem. Afirma as horas que chegam doadas em películas de ouro. Nada volta. Estou aqui. Um coração professa o anti-romantismo disfarçado de suavidades. Uma voz rouca ecoa musical. Estágio zero. Nunca se ama uma mulher, mas os seus signos enviados. Os nômades, os feiticeiros, os mágicos, acendem as tardes translúcidas e luzidias de Salvador: tudo arde, tudo treme na busca da anti-cura do desvario mais selvagem. As mulheres são melhores.
A.M.
Aaaah! Amei...! Lindíssimo!
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