HORROR SEM FIM
Viviam de noite e dormiam de dia, por isso há anos ninguém os via. As crianças não comiam, não viam a luz do sol, não sabiam o que era um policial ou um remédio. Há dois anos estavam planejando a fuga. Finalmente, uma garota de 17 anos reuniu coragem suficiente para sair por uma janela de sua casa, ligar para a polícia e trazer à luz um dos casos mais terríveis de abuso infantil já visto nos Estados Unidos. Na quinta-feira foram conhecidos os primeiros detalhes da casa dos horrores de Perris, Califórnia, onde a polícia encontrou 13 irmãos entre dois e 29 anos, subnutridos e malcheirosos, sequestrados por seus próprios pais.
A conferência de imprensa do promotor do distrito de Riverside, Mike Hestrin, para explicar as acusações contra David e Louise Turpin revelou o inferno que estava escondido em uma casa de classe média a 120 quilômetros a leste de Los Angeles e que foi descoberto pela polícia às 7h da manhã do domingo, dia 14 de janeiro.
A família inteira dormia às 5h ou 6h da manhã, disse o promotor. Dormiam o dia todo e ficavam acordados a noite toda. A casa fedia. As crianças só tinham permissão de tomar banho uma vez por ano. Se lavassem as mãos acima dos pulsos, eram punidos pelos pais por desperdiçar água.
Essas punições incluíam surras e estrangulamento, mas principalmente consistiam em amarrá-los aos móveis. No início, amarravam com cordas. Depois que um escapou, começaram a usar correntes e cadeados. Essas punições “duravam semanas ou meses”. Na manhã de domingo, três crianças estavam acorrentadas quando a polícia chegou na casa dos Turpin. Dois deles, de 11 e 14 anos, foram desamarrados antes que os agentes entrassem na casa. Uma jovem de 22 anos continuava algemada. “Pelas provas encontradas na casa, não tinham permissão de ir ao banheiro” quando estavam de castigo.
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Pablo Ximénez de Sandoval, El País,Riverside, 18/01/2018, 22:30 hs
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