sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

LOUCURA DO VIVER

A experiência da loucura não se expressa por signos significantes.Ela transporta regimes semióticos mistos.No caso da chamada "esquizofrenia", o paciente afunda num "não dizer" ao mesmo tempo dizendo incompreensibilidades. Mais ainda,revela-se um "fracassado do eu" pois não chega a identificar-se, exceto como doente cadastrado pela ordem dominante (não só a da psiquiatria...).Desse modo, o que chamamos experiência da loucura é a  produção incessante de universos existenciais móveis, insólitos,a-significantes, clandestinos, o que podemos chamar de devir. Devir é a produção sem forma. Ou melhor, sua forma (se podemos chamar assim) é a consistência dos afetos postos em ação no jogo dos acasos. Todo o campo da arte é composto por multiplicidades que dão conta dessa aventura e desse risco. Não a arte-monumento ou a arte-mercadológica, mas a Arte como artifício do viver. Uma Multiplicidade que contagie outras multiplicidades, operando em expressões semióticas infinitas: a filosofia, a política, a clínica,as relações institucionais,o socius, o grupo, as relações amorosas, a tecnologia, etc, compõem a loucura como singularidade.Portanto, não há fórmulas exatas, mas experimentações in vivo,estilos, éticas e estratégias.


A.M.

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