segunda-feira, 2 de julho de 2018

Os poetas, mais que outras pessoas, tendem a acreditar que no início da vida estão contidos, semiadormecidos, certos poderes e belezas eternos, que por vezes cintilam no presente enigmático, como relâmpagos na noite. Então para eles é como se toda a vida habitual e eles mesmos fossem apenas imagens de uma bela e colorida cortina, enquanto por trás dessa cortina se desenrolasse a verdadeira vida. As palavras mais sublimes e eternas dos grandes poetas parecem-me também ser o balbucio de alguém que sonha e sem o saber, das alturas entrevistas fugidias de um outro mundo, murmura com lábios pesados.
(...)

Hermann Hesse

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