As coisas
As coisas não têm culpa.
São apenas testemunhas
de nossas comédias.
As coisas não abraçam causas.
É inútil acusá-las
de qualquer inclinação,
lealdade ou felonia.
Substantivos neutros,
são apenas coisas:
este botão descosturado de tua blusa
este chinelo ao pé da cama
um folha de papel em branco
- e nenhum drama.
As coisas não guardam segredos
nem remorsos.
Assistem caladas
e resistem
vestidas de cal e silêncio.
As coisas não têm quereres
nem poderes.
Mas, desassombradas,
exibem sempre
o semblante estoico da pedra.
Nisso as coisas são todas iguais
— todas indiferentes.
Carlos Machado
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