O que é involuntariedade em psiquiatria? É o fato do paciente não se achar doente, não se perceber como um doente, não se sentir doente, e, portanto, não querer tratamento. A aproximação de um técnico que lhe ofereça ajuda (talvez um psiquiatra) lhe provoca rechaço, negativismo, indiferença, ou até hostilidade/agressividade. Este é um dado muito comum observado no campo da psicopatologia clínica, o qual, entre outros efeitos concretos, atesta a insuficiência do modelo biomédico nas práticas de saúde mental. Citando ao acaso, é possível incluir os quadros de transtornos da personalidade, dependências de drogas, demências graves, retardos mentais, psicoses de variadas etiologias e semiologias (com sintomas positivos ou negativos, em especial as esquizofrenias), delírios sistematizados crônicos, transtornos do humor (formas de mania excitada e mania psicótica, e até mesmo depressões), entre outros quadros mal diagnosticados, com diagnóstico obscuro, ou até sem diagnóstico. O essencial a considerar é que a maioria não quer tratamento, nem sabe do que se trata, ou do que se passa. Ora, como é possível que exista uma especialidade médica cujos pacientes não apenas não querem tratamento, como também não se sentem doentes? Na maioria dos quadros arrolados, a busca de tratamento é, sim, da família, ou dos que estão à volta (amigos, colegas, vizinhos, etc) e não do próprio paciente. Por que?
A.M.
Obs. texto revisado e republicado.
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