Já estamos todos muito velhos
As conquistas de outros tempos se acumulam
Nos caixotes de papelão e isopor
Nas malas que moram na parte de cima do armário
Vasculho papéis que perderam sua função
Fotos documentos recortes
Rostos amarelecidos em uma existência remota
Uma quase não-existência familiar
E temporal
– palavras fatos já não-meus, penso
(é preciso alçar a indiferença)
“que importa quem fala, alguém disse...”
É preciso rasgar
Estancar o sangue
Tentativa de habitar algum presente em meio ao bolor
Annita Costa Malufe
Nenhum comentário:
Postar um comentário