sábado, 18 de agosto de 2018

Já estamos todos muito velhos
As conquistas de outros tempos se acumulam
Nos caixotes de papelão e isopor
Nas malas que moram na parte de cima do armário

Vasculho papéis que perderam sua função
Fotos documentos recortes
Rostos amarelecidos em uma existência remota
Uma quase não-existência familiar
E temporal

– palavras fatos já não-meus, penso
(é preciso alçar a indiferença)
“que importa quem fala, alguém disse...”

É preciso rasgar
Estancar o sangue
Tentativa de habitar algum presente em meio ao bolor


 Annita Costa Malufe

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