NEGROS E POBRES
Diversos políticos fazem campanha prometendo melhorar a segurança pública no Brasil. Muitas vezes esses políticos são membros da polícia militar, polícia civil, ou das forças armadas, e usam o passado profissional como um atestado de competência sobre a lei e ordem. Mas que tipo de política de segurança esses políticos oferecem, e qual é o resultado de suas políticas de segurança sobre a população?
Ao redor de sessenta mil brasileiros foram assassinados em 2016, dez mil a mais do que em 2006. Porém, o dado agregado esconde que enquanto a população cresceu durante a década, o número absoluto de assassinatos de mulheres e homens brancos manteve-se estável. Ou seja, todo o aumento da violência se deu entre homens pretos e pardos, o que significa que um quarto da população sofre 70% de todos os assassinatos. Como renda e cor da pele no Brasil são muito relacionadas, isto equivale a dizer que homem de renda baixa é quem morre (não há dados sobre a renda das vítimas). Sendo assim, a prioridade de qualquer agenda de segurança pública deveria priorizar a redução de homicídios de homens de baixa renda.
Entretanto, se prestarmos atenção no discurso de candidatos, não encontraremos ninguém pedindo voto para evitar morte desses homens. O discurso é o de diminuir a criminalidade, isto é, evitar roubos e assaltos de cidadãos de maior renda (mas nem por isso ricos). Isso não significa que combater o crime é irrelevante ou supérfluo, mas como a quantidade de policiais e o orçamento para segurança pública é limitado, combater crime em áreas mais valorizadas pode significar menos recursos empregados na segurança em áreas mais pobres.
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Lucas Novaes . Época, 01/08/2018, 19:06 hs
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