sábado, 27 de abril de 2019

CAVALHEIRO OU CONTROLADOR?

Uma jovem se apaixona por um garoto um pouco mais velho do que ela. Em um primeiro momento, tudo é emoção e paixão. Ela está encantada porque ele a busca com seu carrão na porta do colégio, onde todos seus amigos podem vê-la. E como esse, muitos outros gestos dignos de uma relação adolescente. Um dia, ele a leva às compras e então acontece: um gesto marca a diferença entre uma relação baseada no respeito e uma relação em que uma das duas pessoas quer controlar a outra, a base da violência de gênero. Quando ela escolhe uma camiseta da qual gosta, ele a recrimina e a adverte: “Se eu vou te dar a roupa de presente, sou eu que vou escolhê-la”. Ela volta e devolve a peça.

Essa história pode representar o começo de um grave problema presente na vida de muitas mulheres: os maus-tratos, cujos primeiros sintomas são difíceis de se perceber e que cresce nas relações de jovens (as denúncias por maus-tratos, abusos e agressões sexuais aumentaram 25%, de acordo com o EL PAÍS). Para alertar sobre o problema, também é a história contada nas oficinas feitas com adolescentes por Laura Viñuela, consultora de gênero, especialista em igualdade, educação feminista e prevenção da violência de gênero na adolescência.

Um simples olhar e um breve comentário podem significar algo além de um gesto de carinho como pode ser surpreender a pessoa da relação com uma atitude controladora. É a linha tênue que separa o que conhecemos como um “cavalheiro” de um controlador. O primeiro cuida e é detalhista na relação, seguindo normas estabelecidas pelos dois membros do casal, enquanto o segundo o faz com normas estabelecidas somente por ele. O limite está em respeitar a liberdade que a outra pessoa tem para levar uma vida independente.
(...)

Verônica Palomo, El País, 27/04/2019, 15:31 hs

Nenhum comentário:

Postar um comentário