infâmia
o rio nasce espontâneo
brota do ventre da terra
rasga seu leito estreito
escorre por entre as pedras
ganha corpo correnteza
leva cardumes inteiros
atravessa as florestas
as campinas as veredas
o rio recolhe às margens
o canto das lavadeiras
a alegria dos pássaros
o corpo d’algum menino
anzóis canoas as redes
o riso das cachoeiras
sua vida peregrina
até se jogar ao mar
há homens pensam-se deuses
violam as águas do rio
roubam-lhe as riquezas
desviam-no da sua trilha
transformam-no em brejo seco
Líria Porto
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