Dessa forma, a ciência se aproxima do mito, muito mais do que uma filosofia científica se inclinaria a admitir. A ciência é uma das muitas formas do pensamento desenvolvidas pelo homem e não necessariamente a melhor. Chama a atenção, é ruidosa e impudente, mas só inerentemente superior aos olhos daqueles que já se hajam decidido favoravelmente a certa ideologia ou que já a tenham aceito, sem sequer examinar suas conveniências e limitações. Como a aceitação e a rejeição de ideologias deve caber ao indivíduo, segue que a separação entre o Estado e a Igreja há de ser complementada por uma separação entre o Estado e a ciência, a mais recente, a mais agressiva e mais dogmática instituição religiosa. Tal separação será, talvez, a única forma de alcançarmos a humanidade de que somos capazes, mas que jamais concretizamos.
Paul Feyerabend - do livro Contra o método
No meu modo de ver, ele começou bem. No fim é que escorregou. Acho que já falei sobre isso. Não acho que haja separação entre Estado e Ciência. A Ciência modela e serve aos interesses do Estado, e vice-versa. Há uma relação de complementaridade. Por consequência, a frase final é extremamente triste. Me soa um tom humanista, que também está presente, de maneira mais sutil, é claro, dentro do pouco que conheço, no Toni Negri. Me passa algo de uma esquerda arcaica e melancólica. Sim, posso estar totalmente equivocado; mas, é o modo com me afetam tais assertivas.
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