domingo, 28 de agosto de 2011

QUEM É LOUCO?

O  louco nos chega por mãos variadas. A sociedade divide  seus filhos: sãos e doentes, ricos e pobres, jovens e velhos, bons e maus, etc.   O  que nos  chega?  Um dualismo  esgotado. Ele    finca  a verdade  e  exala dos poderosos o cheiro inconfundível  das cisternas. Temos  que admitir: o  poder público amacia os temporais do desejo inaudito. Todos se levantam quando o assunto é o bem estar dos medianos. Eles  estão em toda  a parte. Ah, os medianos... Odeiam a loucura e a parte que lhes  cabe nesse latifúndio. No entanto, o louco, com  sua conversa diversa, incomoda a ordem, mesmo a que vem das remelas do  rei. Fala de outra coisa,   coisa simples: aí vem a diferença numa via indecifrável aos medianos de plantão. Rasga os organismos de pedra. Num Brasil  país de todos,  o soldo é  o  dos monarcas.   A diferença?  Ela  dança sobre continentes perdidos. Em cada um dos nós, a mentira se afirma como a verdade dos tempos que  correm.   Parados.  O ogro   assume a educação  e a violência banal  reparte o pão nosso em obras vazias. A  educação é isso. Um lixo suavizado em canções pela   Brasília dos sonhos.  Voltemos à excreção das partes ainda não contaminadas. O corpo do Tempo arremeda pássaros. O delírio das populações cede ao uso de neurolépticos. Um  louco refugia-se na normalidade. Ele nos chega  por mãos  variadas. Em todas, um só coração deseja manter a aparência de bondade. A loucura se torna o padrão VISA das transações ok. Que  resta? 

Antonio Moura

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