sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

OS INTERESSES DO DIAGNÓSTICO PSIQUIÁTRICO

Deste  modo,  discutir  acerca  do diagnóstico psiquiátrico, seu valor, seus  limites, suas  distorções, passa  menos  por  uma  suposta  cientificidade da medicina  e   da psiquiatria, e muito mais pela inserção prática  destas instituições na  realidade   dos  serviços, sejam  hospitais, ambulatórios,  caps, naps, consultórios etc. Queremos situar o diagnóstico , no caso da  saúde  mental,  na relação com o paciente. Relação esta que  significa sobretudo a condição de  possibilidade  de  ajuda, para  usarmos  uma  palavra  modesta, mas   abrangente. Este é  um modo de  escapar ao pensamento idealista, o pensamento que está  recheado de  boas  intenções  e que   se  esfuma  diante de um mundo  radicalmente   diferente  do que  se  imagina. Diagnosticar  alguém pressupõe o desejo de  ajudar  esse alguém. Mas  na  prática  clínica  da psiquiatria de inspiração  nosocomial   não é  bem  isso  o que  ocorre. Referimo-nos  a  um uso do diagnóstico para  controle  social  dos  comportamentos, o que  destoa da própria   medicina  no  seu eixo ético.Assim,  a   psiquiatria  acaba  por não dar   conta  de  reconhecer uma  subjetividade  patológica. Isto se  deve  não só aos  pressupostos  epistemológicos  do conhecimento  médico, mas  às  alianças institucionais  que  ela  estabelece   visando   atuar  sobre  o assim chamado doente  mental (...)

Antonio Moura - do livro Linhas da diferença em psicopatologia

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