OS INTERESSES DO DIAGNÓSTICO PSIQUIÁTRICO
Deste modo, discutir acerca do diagnóstico psiquiátrico, seu valor, seus limites, suas distorções, passa menos por uma suposta cientificidade da medicina e da psiquiatria, e muito mais pela inserção prática destas instituições na realidade dos serviços, sejam hospitais, ambulatórios, caps, naps, consultórios etc. Queremos situar o diagnóstico , no caso da saúde mental, na relação com o paciente. Relação esta que significa sobretudo a condição de possibilidade de ajuda, para usarmos uma palavra modesta, mas abrangente. Este é um modo de escapar ao pensamento idealista, o pensamento que está recheado de boas intenções e que se esfuma diante de um mundo radicalmente diferente do que se imagina. Diagnosticar alguém pressupõe o desejo de ajudar esse alguém. Mas na prática clínica da psiquiatria de inspiração nosocomial não é bem isso o que ocorre. Referimo-nos a um uso do diagnóstico para controle social dos comportamentos, o que destoa da própria medicina no seu eixo ético.Assim, a psiquiatria acaba por não dar conta de reconhecer uma subjetividade patológica. Isto se deve não só aos pressupostos epistemológicos do conhecimento médico, mas às alianças institucionais que ela estabelece visando atuar sobre o assim chamado doente mental (...)
Antonio Moura - do livro Linhas da diferença em psicopatologia
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