PSICOFARMACOLOGIA: MAIS, AINDA...
A crítica ao uso de psicofármacos pode ser apenas superficial. Considerar que, em geral, muitos remédios são usados em doses excessivas para as necessidades do paciente, é um fato quase óbvio. Isto constitui a verdade da psiquiatria atual (mesmo e principalmente se ela não admitir) e é o nível da crítica rasa a que aludimos. Há, contudo, entre os vários enfoques, um mais profundo . Pergunta-se: que pensamento teórico dá condição de possibilidade (e um vago sentimento ao psiquiatra de estar cumprindo com seu dever... de médico) à psiquiatria para entupir o paciente com remédios químicos, e pior, fabricar uma subjetividade farmacológica? Este pensamento é o da física clássica, mecanicista, determinista, e que busca cientificamente a linearidade causa-efeito, mesmo que às custas de uma interrupção e/ou destruição dos processos do desejo. Ou melhor, a própria negação e sabotagem dos devires (afetos) é condição básica para a psiquiatria atuar. Por acaso, ela, a psiquiatria dispõe de uma teoria da afetividade? Dê um olhada nos seus compêndios e tratados... Quanto aos artigos atuais em revistas especializadas, nem olhe...
Antonio Moura
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