quinta-feira, 8 de novembro de 2012

ANTONIO NEGRI E OS MIL PLATÔS

(...) (...) Trata-se aqui de um pensamento forte, mesmo quando se aplica ã "fraqueza" do cotidiano. Quanto ao seu projeto, trata-se de apreender o criado, do ponto de vista da criação. Esse projeto não tem nada de idealista: a força criadora é um rizoma material, ao mesmo tempo máquina e espírito, natureza e indivíduo, singularidade e multiplicidade — e o palco é a história, de 10.000 a.C. aos dias de hoje. O moderno e o pós-moderno são ruminados e digeridos, e reaparecem contribuindo para fertilizar abundantemente uma hermenêutica do porvir. Relendo os Mil platôs anos mais tarde, o que é mais impressionante é a incrível capacidade de antecipação que aí se exprime. O desenvolvimento da informática e da automação, os novos fenômenos da sociedade mediática e da interação comunicacional, as novas vias percorridas pelas ciências naturais e pela tecnologia científica, em eletrônica, biologia, ecologia, etc, são apenas previstos, mas já levados em conta como horizonte epistemológico, e não como simples tecido fenomenológico sofrendo uma extraordinária aceleração. Mas a superfície do quadro no qual se desenrola a dramaturgia do futuro é, na verdade, ontológica — uma superfície dura e irredutível, precisamente ontológica e não transcendental, constitutiva e. não sistêmica, criativa e não liberal.
(...)
Antonio Negri

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