sábado, 24 de novembro de 2012

ÉTICAS

Todas  as éticas partem do eu. São  ridículas. A psiquiatria parte  do eu. Seria melhor se  ela, ao contrário, partisse o eu em mil conexões, subjetividades. Você acredita? Os pacientes não acreditam,  creditam à  psiquiatria um ganho  sobre  si  mesma, um empreendimento. Procuram um psiquiatra remedeiro que resolva. O molde está pronto para quem quiser.Ser-médico? Ser-paciente?  Ou o inverso. O mundo roda. A ética desceu das  alturas para o fino contato terrestre. Nada  pronto. Qual a  ética da psiquiatria? A  regra  acadêmica, recheada de boas  intenções, diz: vocês têm  que ser felizes, principalmente  às  custas do remédio químico,  pois, afinal,  a mente  é  pura  bioquímica, ninguém duvida. Contudo,  não  há diálogo frente às destruições  concertadas  da  subjetividade. Esta  é  uma fala  de loucos forclusivos ou apenas delirantes. O universo psi serve tão somente para barrar e borrar o desejo em suas  expressões imperceptíveis. Pouco mais  a dizer aqui senão o escape micro-político. A psiquiatria é o delírio crônico.“Eus”à postos, salvaguardas da razão, argumento indefensável a favor do sistema. No entanto, alguma coisa  vaza.
(...)
A.M.

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