O NON-SENSE E A CLÍNICA
A alegria subverte a clínica. E não é maníaca, tampouco faz o par alternante com a depressão. A alegria é o combustível da produção desejante de territórios existenciais. Ela se espraia para além de duas pessoas que se olham sob uma linha de verticalidade hierárquica. Nada a ver com a alegria fluoxetínica pois ela, além de padecer da falta nos circuitos explorados, não se reduz à adequação do paciente ao meio social. A equação “bom comportamento=alegria” será substituída pela “potência=produção de mundos”. O humor é a leveza que permeia os corpos. Tudo a ver com o modo psicótico de viver sem a crosta psiquiátrica. Não existe o “psicótico puro”. Esta experiência, ao contrário, é marcada por mil fluxos que chegam de fora, que são o Fora. Mistura e dissolução dos códigos, poucos o suportam, vivendo que estão sob a égide da Técnica. Desviar o humor para o non sense é um sentido. A psiquiatria biológica não compreende. A alegria chega sem explicações. Insistimos nos devires inauditos como forma de estar presente e afirmar uma prática escrita na pele: o acontecimento, enfim.
(...)
A.M.
Nenhum comentário:
Postar um comentário