quinta-feira, 29 de novembro de 2012


O NON-SENSE E A CLÍNICA

A alegria subverte a  clínica. E não é maníaca, tampouco faz o  par alternante com a  depressão. A alegria é o combustível da produção desejante de territórios  existenciais. Ela se  espraia para além de  duas pessoas  que  se olham sob uma linha  de verticalidade  hierárquica. Nada a ver com a alegria fluoxetínica pois ela, além de  padecer da falta nos circuitos  explorados, não se reduz à adequação do paciente ao meio social. A equação “bom comportamento=alegria” será  substituída pela “potência=produção de mundos”. O humor é a leveza que permeia  os corpos. Tudo a ver com o modo psicótico de viver sem a crosta psiquiátrica. Não existe o “psicótico puro”. Esta experiência, ao contrário, é marcada por mil fluxos que chegam de fora, que  são  o Fora. Mistura e dissolução dos  códigos,  poucos o suportam, vivendo que estão sob a égide da  Técnica. Desviar o humor para o non sense é um sentido. A psiquiatria biológica não compreende. A alegria chega sem explicações.  Insistimos nos devires inauditos como forma de estar  presente e  afirmar uma prática escrita  na  pele: o acontecimento, enfim.
(...)
A.M.

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