SAIR DOS TRILHOS
(...) (...) O delírio é um conceito-chave em psicopatologia. Uma clínica da diferença se faz a partir desse dado implícito, mesmo que o paciente não esteja delirante nem seja ou tenha sido um delirante. Sob um olhar psiquiátrico, o delírio será um sintoma. Ainda que tal concepção seja útil em momentos pontuais, ela mutila a vivência delirante enquanto sistema de crenças estabelecido como uma verdade. Esse fato tem implicações na terapêutica farmacológica. A ação de medicar, quando imediata, pode tamponar o sintoma e impedir que surjam possibilidades de acesso ao universo delirante do paciente. Para melhor equacionar os casos, partimos do fato de que existem múltiplas formas clínicas do delírio. Elas demandam atitudes terapêuticas distintas. Buscar linhas de singularização consiste em pôr o delírio num quadro diagnóstico básico sem perder a potência infinita de afirmar um mundo, produzir um sentido, por mais insignificante que este seja.
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A.M.
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