terça-feira, 20 de novembro de 2012

SAIR DOS TRILHOS

(...) (...) O delírio é  um conceito-chave em  psicopatologia.  Uma clínica da diferença se faz a  partir  desse dado implícito, mesmo que  o paciente  não esteja  delirante  nem  seja  ou tenha sido um delirante. Sob um olhar  psiquiátrico, o delírio será  um sintoma. Ainda  que tal  concepção seja  útil em momentos pontuais, ela mutila a vivência delirante enquanto sistema de crenças estabelecido como uma verdade. Esse  fato tem implicações na terapêutica farmacológica. A ação  de medicar, quando imediata, pode tamponar o sintoma e impedir que surjam possibilidades de acesso ao universo  delirante do paciente. Para melhor equacionar os  casos, partimos  do  fato  de que existem múltiplas formas clínicas do delírio. Elas demandam atitudes terapêuticas  distintas. Buscar linhas de singularização consiste em pôr o delírio num quadro  diagnóstico básico sem perder a potência infinita de afirmar um mundo, produzir  um sentido, por mais  insignificante  que  este  seja. 
(...)
A.M.

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