terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

PENSAR AS MULTIPLICIDADES NÃO É FÁCIL (cont.)

(...) (...) ”Eu sou  meu  delírio”, “Eu sou minha tontura”, etc. As linhas singulares estão  embutidas e só se mostram ao exame quando as  relações com o mundo (o que  inclui o próprio  eu) acontecem e se  firmam como referências de verdade. O paciente diagnosticado pela psiquiatria traça linhas singulares na esteira do diagnóstico e/ou dos signos que remetem a esse  diagnóstico. Linhas  singulares são  modos de ser que se expressam  no desempenho de papéis sociais. Sendo assim, o papel social “portador de transtorno mental” acaba sendo um modo de subjetivação exclusivo, capturando linhas singulares e as desfigurando na pessoa do doente.Apesar disso, não queremos colocá-las como o “lado não doente” do paciente. Elas  constituem, sim, o paciente, elas são a materialidade do paciente em termos de processo subjetivo, devir, acontecimento, o que implica numa ótica de outra natureza em relação ao fenômeno da loucura. Mudança de perspectiva sobre a saúde mental. A psiquiatria estanca nesse  ponto porque não dispõe de instrumentos conceituais para pensar e fazer a diferença. Nem é esse o seu mister. Além  disso,  compromissos morais  e políticos  lhe  travam  a percepção do  Outro.
(...)
A.M.  

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