1-Diagnosticar como esquizofrênico quem não é.
Causas: imprecisão do conceito de esquizofrenia; extrema variabilidade da sintomatologia clínica; semelhança com outros quadros psiquiátricos, notadamente os psicóticos.
2-Acreditar que a origem da esquizofrenia está apenas no cérebro.
Causa: epistemologia psiquiátrica com visão tosca acerca da etiologia dos transtornos mentais, não considerando a co-existência de múltiplos fatores envolvidos.
3-Não escutar o esquizofrênico.
Causa: concepção médica que prioriza o sintoma em detrimento da vivência do paciente, o que implica na busca da exclusão do primeiro.
4-Tratar apenas com psicofármacos.
Causa: a mesma que a do ítem anterior acrescida da herança histórica da psiquiatria (vontade de controle do paciente) e a aliança com os interesses da indústria farmacêutica internacional.
5-Pensar que o esquizofrênico não pensa.
Causa: atualização contemporânea do espírito cartesiano expresso quando do exame do paciente. Resume-se assim: ele não pensa, ele não existe.
6-Avaliar o prognóstico de forma niilista.
Causa: o ítem anterior somado à concepção da esquizofrenia como uma espécie de doença maligna degenerativa, e o esquizofrênico como alguém com um destino trágico a ser cumprido.
7-Estabelecer uma identidade para o esquizofrênico: o ser-esquizofrênico.
Causa: manobra político-institucional da psiquiatria visando configurar um modelo de Doença Mental (o ser- paciente) em contraste com um modelo de Saúde Mental (o ser-psiquiatra).
8-Considerar de antemão que o esquizofrênico está fora da realidade.
Causas: crença inabalável da psiquiatria nos códigos sociais vigentes (conservadorismo); adesão política a uma realidade única e verdadeira, a Realidade Dominante, desconsiderando as outras realidades.
9-Desprezar os afetos esquizofrênicos, classificando-os como inadequados.
Causa: ignorância secular da psiquiatria a respeito dos processos afetivos presentes na experiência esquizofrênica. Um exemplo: os risos imotivados.
10-Instituir a esquizofrenia como entidade clínica.
Causa: a necessidade histórica da psiquiatria de se estabelecer como especialidade médica com respaldo científico-acadêmico, o que lhe assegura status, prestígio e poder.
A.M.
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