quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013


SUBJETIVIDADE - TEMPO

(...) (...) Tudo  o  que  é  subjetivo  remete  ao  “fora”   porque  se  refere ao mundo. Não  há  como   situar a subjetividade“dentro” de algo ou “acima” do mundo, como querem as Transcendências, mesmo as disfarçadas. Na base teórica de tais posições, está a crença no Ser e portanto a   negação do  tempo.  Ao contrário, conforme  H. Bergson ensinou,  não  é o tempo  que  está  em nós,  nós  é que  estamos no tempo, enfiados num tecido que não  é o da história  mas o do devir.  A subjetividade-está-no-mundo. Tal assertiva  fenomenológica serve de  ponto de apoio  para  uma  clínica em produção, em movimento, e não como produto final. É fato que a  psiquiatria, tomada em seu percurso epistemológico, nunca formulou uma teoria da  subjetividade. Talvez,  na vertente  jasperiana, haja  um esboço  do que estamos nos referindo, ao se  falar do eu e de suas alterações. Mas é muito escasso se considerarmos a gama de condutas ditas psicopatológicas  que  figuram  na  CID-10, cap. F. Neste  sentido, uma pergunta se impõe: o que  é o “psíquico”?  Ora a subjetividade  ultrapassa o “psíquico”. O “psiquismo” padece  de versões marcadas por uma espécie de “interiorização” do universo  subjetivo que  permaneceria  estático, ou  pior,  jogado às alturas do imaginário, espécie de epifenômeno sobrevoando o que se considera matéria. Entretanto, se nos basearmos  no tempo, tudo  muda. Tal  universo não estará  apenas voltado  para   fora,  mas  será o Fora. Não  mais formas estáveis ou  substâncias  formadas. Isso é o Fora, ou  seja, o Caos. Pensar  o “subjetivo” de  tal   perspectiva  é  incluir o  tempo, a passagem, a “durée”, ao estilo bergsoniano. Portanto convém não falar em “subjetividade” mas em “processos subjetivos ”ou “modos  de  subjetivação”.
(...)
A.M.

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