domingo, 24 de fevereiro de 2013


Soneto antigo 

Esse estoque de amor que acumulei 
Ninguém veio comprar a preço justo. 
Preparei meu castelo para um rei 
Que mal me olhou, passando, e a quanto custo. 
Meu tesouro amoroso há muito as traças 
Comeram, secundadas por ladrões. 
A luz abandonou as ondas lassas 
De refletir um sol que só se põe 
Sozinho. Agora vou por meus infernos 
Sem fantasma buscar entre fantasmas. 
E marcho contra o vento, sobre eternos 
Desertos sem retorno, onde olharás 
Mas sem o ver, estrela cega, o rastro 
Que até aqui deixei, seguindo um astro.

Mário Faustino

Nenhum comentário:

Postar um comentário