sábado, 1 de agosto de 2015

RAZÃO ESGOTADA

Por toda a parte, o panorama social é o do respeito ao psiquiatra (mesmo que ele seja um canalha farmacológico) e por extensão à psiquiatria. Ora, a reverência à psiquiatria vem de longe, e nada tem a ver com o paciente, com o cuidado ao paciente, e mais, nada tem a ver com a Diferença enquanto modo de existir. Tem a ver, sim, com os valores estáveis do senso comum: ser normal é a palavra de ordem. A reverência a um poder instituído se impôs como elemento natural e banal e aqui a substituímos por uma obediência à psiquiatria, o que tem a ver, bem mais, com o medo à loucura e a tudo que ela implica de efeitos subjetivos: buracos do sentido, desorganização sócio-mental, perda de referências de valor da existência, dissolução de identidades caras ao viver, como a do eu e a do organismo físico-químico, etc. Neste emaranhado de realidades insuportavelmente suportáveis, uma pergunta ressoa sem limites e sem concessões à ciência conformista :o que fazer com o que ultrapassa o discurso rasteiro e elegante da razão capitalística?

A.M.

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