sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

SEM MEDO DA PSIQUIATRIA

Em saúde mental há muitos pacientes - a depender do quadro psicopatológico - que demandam verdadeiramente o uso de psicofármacos. Seria possível explicar isso com detalhes... Desse modo, a psiquiatria, em sua atuação clínica, ou seja, no contato direto com o paciente, tem a sua "razão de ser". É importante considerar esse fato na medida em que há visões "críticas"  que buscam invalidá-la segundo pressupostos conceituais isolados da clínica. Trata-se, óbvio, de uma ótica idealista. Não sabe ou não quer saber que é aí - na clínica- onde tudo se decide. Ora, isso não impede, ao contrário, que tenhamos uma posição de rechaço crítico-clínico e político à psiquiatria atual. Até porque falamos e agimos dentro da própria máquina psiquiátrica como uma espécie de agente duplo. Práticas de traição. São poucos os aliados nesse empreendimento, já que a forma-psiquiatria produz até mesmo e principalmente não-psiquiatras. De todo modo, o estilhaçamento dos saberes médicos, correlato a aquisição de saberes não médicos, torna-se um método, o rizoma, para que se possa chegar ao paciente e indagar: "é possível trabalhar de outro modo?". No fazer da equipe técnica, tanto a nível formal quanto operacional, a figura do psiquiatra tabalhando multiplicidades (outros universos de sentido) produz efeitos subjetivos produtores de uma Falta que não tampona. Procura-se O médico. Nada a ver, sempre a medicina como significante despótico! Ao inverso, a prática médica (um sacerdócio?), apesar de tão reverenciada, não é mais que uma peça socio-desejante-trabalhadora e, portanto, útil para desvendar os enigmas da mente. Não mais. E sem hierarquias.

A.M.

Um comentário:

  1. Pura verdade!
    Há casos e casos... Mas se a prática médica se vestir somente de “hierarquias despóticas”, e não enxergar as multiplicidades subjetivas de cada SER enquadrando-os num sistema de crenças arcaicas, ultrapassadas, facilitadoras do desserviço daqueles que não querem se envolver, muitas almas que, possivelmente, poderiam ser tratadas, curadas, correrão o riso de se perderem nos seus labirintos inconscientes e talvez nunca mais poderão retornar para esse mundo. Vegetarão aqui, como zumbis. Infelizmente, há poucos aliados para pratica da medicina do bem. Isso dá trabalho e não dá lucro... Quem, afinal, se interessa em cuidar da pessoa e não da doença, humanizar a medicina tradicional, fazer uma medicina da solidariedade?
    Não foi à toa que o médico J.J. Camargo (Cirurgião torácico e chefe do setor de transplantes da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre) disse:
    Não pode ser coincidência que os melhores médicos sejam pessoas humildes, serenas e bem resolvidas.
    Não há espaço para o exibicionismo e arrogância na trilha pantanosa da incerteza e do imprevisto.
    Em 40 anos de atividade médica intensa, nunca encontrei um posudo que fosse, de verdade, um bom médico. O convívio diário com a falibilidade recicla atitudes, elimina encenações, modela comportamentos e enternece corações.
    Tenho reiterado isso aos mais jovens: evitem os pretensiosos, porque eles, na ânsia irrefreável de aparentar, gastam toda a energia imprescindível para ser.
    E ficam assim, vazios.

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