O ACIDENTE DOS CONHECIMENTOS
Eu quero reunir o que foi separado, quero dizer, a filosofia e a física. Trata-se fundamentalmente de uma reinvenção filosófica para fazer frente a esta matematização do mundo, esta rapidez que ultrapassa a consciência. Eu me sinto no limiar de uma filosofia sem igual. Tal como Heráclito ou Parmênides, estamos aqui na origem – daí a Universidade do Desastre. Todo o trabalho desta seria um questionamento sobre o “desastre do êxito”. O que se acaba de descrever é o sucesso da tecnociência. Ora, é imperativo reconciliar e lançar a “filociência”. O que está aí em jogo é a vida ou a morte da humanidade. Se o homem não pode mais falar e se ele transfere o poder de enunciação a aparelhos, encontramo-nos, pois, diante de uma tirania sem igual. Físicos que são meus amigos estão conscientes disso, do que se perfila, um “acidente dos conhecimentos”. Isso nos conduz à árvore da vida que só tem referência na origem do Gênese, ou seja, o mito da vida… E aí eu o digo enquanto cristão e enquanto escritor: o acidente dos conhecimentos é o pecado original.
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Paul Virilio, 03/06/20111, entrevista a Guilherme Soares dos Santos
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