quarta-feira, 20 de junho de 2018

POLÍTICA DE TRUMP

O desesperado pranto de 10 crianças centro-americanas separadas de seus pais num dia da semana passada pelas autoridades de imigração norte-americanas é algo atroz de escutar. Muitas parecem chorar com tanta força que mal conseguem respirar. Gritam repetidamente “mami” e “papi”, como se fossem as únicas palavras que conhecem.
A voz de barítono de um agente da patrulha fronteiriça retumba por cima do choro. “Bom, temos uma orquestra por aqui,” brinca. “Só falta o maestro.” Então, uma angustiada menina salvadorenha de seis anos suplica várias vezes para que alguém ligue para a sua tia. Só um telefonema, roga a qualquer um que a escute. Diz que decorou o número do telefone e, em um dado momento, recita-o de uma só vez a um representante consular. “E minha mami, depois que a minha tia vier me buscar, virá o mais rápido possível para eu ir embora com ela”, choraminga.
Uma gravação de áudio obtida pela ProPublica põe som ao sofrimento real de um polêmico debate político do qual até agora foram excluídos aqueles que mais têm interesses em jogo: as crianças imigrantes. Mais de 2.300 delas foram separadas de seus pais desde abril, quando a administração Trump lançou sua política migratória de tolerância zero, que exige que todas as pessoas que tentarem ingressar ilegalmente no país sejam processadas e separadas das crianças que porventura tragam consigo. Mais de 100 dessas crianças são menores de quatro anos. Elas são instaladas inicialmente em depósitos, barracas de camping ou lojas de departamentos transformadas em centros de detenção da patrulha fronteiriça.
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Ginger Thompson (Propublica) , El País, Wasington, 19/06/2018, 11:48 hs

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