A IMPERATRIZ E A SANTA
RIO — A Imperatriz Leopoldinense não quer saber de briga com a Igreja Católica. Um padre e uma advogada da Arquidiocese do Rio visitaram na quarta-feira o barracão da escola, para analisar os planos de levar uma imagem de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos para a Avenida. O convite foi feito pelo diretor de carnaval da verde e branco, Wagner Araújo. A imagem da santa foi esculpida em madeira maciça por um artesão em Belém do Pará. Ela mede 1,90 metro de altura. No Brasil, apenas duas igrejas têm como padroeira Nossa Senhora do Rosário dos Pretos: uma no Rio, na Rua Uruguaiana, e outra em Salvador — ambas do século XVIII. No passado, essas igrejas abrigavam negros e pardos que eram proibidos de rezar nos templos frequentados por brancos. Na de Salvador, há até hoje uma missa que mistura rituais do candomblé.
No encontro de quarta-feira, a equipe dos carnavalescos Mário Monteiro e Kaká Monteiro explicou aos representantes da Igreja que a santa virá na parte de trás de um carro alegórico que representa um navio negreiro.
O padre Júlio e a diretora jurídica da Arquidiocese do Rio, Claudine Milione Dutra, fizeram perguntas sobre as fantasias que os integrantes da escola vão usar no entorno da santa. Eles também quiseram saber se haverá, por perto, alguma passista de biquíni, por exemplo — o que foi negado pela escola. Os dois receberam os croquis do desfile, que foram levados para seus superiores, inclusive o cardeal dom Orani Tempesta, arcebispo do Rio.
— A princípio, não vimos qualquer problema. Mas precisamos analisar melhor os desenhos — disse Claudine Dutra.
Bruno Alfano, O Globo, 31/01/2019, 02:36 hs
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