A consciência exata dessa insônia,
a forma certa desse modo, o gesto
seco que rejeita essa necessidade
abjeta de ser quem não se é-
a aceitação completa da vontade
insuportável de querer o que
se quer, a sede obscena de tragar
o copo junto com a bebida- coisas
tão simples, que só pedem a paciência
sábia dos que aprenderam a se aturar,
a santa complacência de quem lambe
as próprias chagas e aprecia o gosto-
não por requinte de nojo, mas só
por nunca haver provado outro sabor.
Paulo Henriques Britto
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