QUEM ESCUTA O PACIENTE?
A psiquiatria biológica também pode ser chamada de psiquiatria atual, moderna, e por que não dizer, hegemônica. No estudo de um caso, ela prioriza e torna exclusiva a realidade do organismo físico-químico, e mais precisamente, do cérebro, como origem (ou causa) dos chamados transtornos mentais, Trata-se de uma opção epistemológica baseada no modelo biomédico. Não é, pois, um erro, e sim, um método de pesquisa. Neurociência, fisiologia, farmacologia e genética, entre outras, são áreas do conhecimento usadas para eliminar e/ou reduzir problemas (sintomas) desses transtornos. Ora, devido ao lugar de poder que ocupa a medicina na sociedade, o discurso médico tende ao pensamento único em saúde mental e passa a encarnar e expressar uma verdade subjetivada. Isso é transmitido aos demais técnicos da equipe em saúde mental ( o psiquiatra no topo), à família, à mídia, â escola, e ao próprio paciente. "Eu sou bipolar". Assim, na prática clínica, a dimensão subjetiva (psicossocial) do paciente fica reduzida a um cérebro que funciona mal e daí necessita ser reparado como, por exemplo, se repara um computador. Seria só isso a vida afetiva, o desejo, a angústia diante do caos social?
A.M.
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