domingo, 13 de janeiro de 2019

A INVENTAR

Uma psiquiatria materialista é a que trabalha o desejo do paciente e o desejo do técnico que o atende. Daí ser possível falar de uma conjugação desejante em prol de um Encontro. Técnico e paciente sob um regime igualitário. Isso se expressa tanto mais, tanto melhor, à medida em que os sistemas psiquiátricos (clínico, epistemológico e institucional) se abrem para as multiplicidades de fora. Por "multiplicidades de fora" entendemos as conexões da psiquiatria com as formas sociais, seja para combatê-las, seja para com elas estabelecer alianças. No primeiro caso estão as instituições repressivas e voltadas ao controle subjetivo (escola, família, estado,  etc) e no outro formações de saber que pulsam no interior dessas mesmas instituições.  São a arte, a filosofia e a ciência como modos do pensamento. Assim, uma psiquiatria materialista trabalha o desejo como produção. Faz desses três elementos práticas para cuidar do paciente. Em psicopatologia tudo vale à medida em que condições éticas e políticas sejam mantidas. Éticas: a busca da liberdade e do deslimite subjetivo. Políticas: em toda parte, o poder, o controle, mas a resistência como ato de criar. No fundo do niilismo atual (a neuromania) seria uma outra psiquiatria a inventar. 

A.M.

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