domingo, 7 de abril de 2019

CsO: A EXPERIÊNCIA DE DESEJAR

O conceito de "corpo-sem-órgãos" é um dos mais ricos do pensamento de Deleuze-Guattari. Este fato se dá, provavelmente, pela conexão visceral com o conceito de desejo. É que o desejo (nesta acepção) nada tem a ver com a falta, com o prazer, com a descarga de afetos, com a espontaneidade, com o imaginário, enfim, com nada que não esteja numa realidade imanente. E é exatamente essa a realidade do desejo inscrita nos corpos que circulam (humanos e inumanos)  na superfície da Terra. Mesmo as transcendências (ideais da academia, do cristianismo, o além-túmulo, etc) aterrissam nesta realidade imanente (e assustadora). Assim, o corpo-sem-órgãos (CsO) é o corpo das intensidades livres que vaza por e para todos os lados.Não necessariamente é visível ou biológico. Pode ser qualquer coisa, desde que o motor seja o  desejo. Ora, como se trata de uma realidade (ou plano) de imanência, linhas de ambiguidade existencial compõem a superfície das subjetivações. Este sou eu? Nada está de antemão garantido. Intensidades desejantes (no amor, na política e na ciência, só para citar 3 exemplos) estão sempre à beira da decomposição ontológica. E prática. Porque não há o ser. O modelo da morte (quando? como? onde?) ilustra bem o conceito de CsO como experiência de criar como risco: jogo sem vencedores ou vencidos. 

A.M.

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