POLÍTICAS VITAIS
(...) Há muitos doutores e eruditos que nos convidam a um olhar científico asseptizado, verdadeiros loucos também, paranóicos. É preciso resistir às duas armadilhas, a que nos arma o espelho dos contágios e das identificações, a que nos indica o olhar do entendimento. Nós só podemos agenciar entre os agenciamentos. Só temos a simpatia para lutar, e para escrever, dizia Lawrence. Mas a simpatia não é nada, é um corpo a corpo, odiar o que ameaça e infecta a vida, amar lá onde ela prolifera (nada de posteridade nem de descendência, mas uma proliferação...). Não, diz Lawrence, vocês não são o pequeno esquimó que passa, amarelo e gorduroso, vocês não têm que se tomar por ele. Mas talvez vocês tenham algo a ver com ele, vocês têm algo para agenciar com ele, um devir-esquimó que não consiste em se passar pelo esquimó, a imitar ou em se identificar, em assumir o esquimó, mas em agenciar alguma coisa entre ele e vocês – pois vocês só podem se tornar esquimó se o próprio esquimó se tornar outra coisa. O mesmo acontece com os loucos, com os drogados, com os alcoólatras. Há quem faça objeção: com sua miserável simpatia, você se serve dos loucos, faz o elogio da loucura, e depois os deixa de lado, permanece sobre a margem... Não é verdade. Tentamos extrair do amor toda posse, toda identificação, para nos tornarmos capazes de amar. Tentamos extrair da loucura a vida que ela contém, odiando, ao mesmo tempo, os loucos que não param de fazer essa vida morrer, de voltá-la contra si mesma. Tentamos extrair do álcool a vida que ele contém, sem beber: a grande cena da embriaguez com água pura, em Henry Miller. Abster-se do álcool, da droga, da loucura, é isso o devir, o devir-sóbrio para uma vida cada vez mais rica.
(...)
G.Deleuze e C. Parnet in Diálogos
Fico com o devir-bêbado! além disso, fico ainda com o devir-loucura! ñ se enganem! ñ falo aqui, por exemplo, da loucura dos Bolsonaros, da loucura do Nazismo, da loucura do Fascismo, da loucura da Ditadura, ..., e, mesmo me abstendo do álcool, por exemplo, me embriago, ao imaginar, uma vida libertária pra todos os seres vivos, incluindo aí os animais domésticos..., os "loucos", ..., enfim, que seja sem nenhuma exceção, uma vida libertária pra todos...!
ResponderExcluirSei bem que é uma loucura desejar uma vida libertária pra todos!
mas, ainda assim, fico com o devir-loucura!