O QUE É UM TÉCNICO EM SAÚDE MENTAL
O conceito de "técnico em saúde mental" está em construção. Desse modo, é possível enumerar alguns elementos teórico-clínicos como referência. Vejamos: 1- A existência de um tal técnico está condicionada à visão de que a "saúde mental" excede os limites do saber biomédico. Ou seja, tratar a saúde mental de alguém implica em considerar o primado da realidade social em relação ao organismo dito doente. 2- Ao falarmos de realidade social, é preciso dizer que não se trata de "um depois" do organismo "doente", mas sim uma categoria-chave para compreender o próprio organismo, mesmo em afecções claramente orgânicas (um traumatismo crâneo-encefálico, por exemplo).3- O técnico dispõe, portanto, de uma concepção de subjetividade (aquele que fala) como sendo gestada no plano da sociedade. Mais ainda, como sendo a própria sociedade falando a nós por meio de algum transtorno mental, para se usar (num outro sentido) um termo-chave da psiquiatria. 4- Ora, se partirmos do social-em-nós, o técnico em saúde mental, para bem atuar, necessita, antes de tudo, escapar da órbita do especialismo, tornar-se um terapeuta, o qual, segundo a origem grega, é o que está para servir. 5- Não sendo um especialista, a sua linha técnica (intervencionista) busca extrair, captar,"roubar" do psicólogo, do psiquiatra, do enfermeiro, do assistente social, do professor de artes, e outros da equipe técnica (penso num Caps), fragmentos de saber que sirvam ao paciente como potência de viver e autonomia subjetiva e não como adaptação social para uma possível cura. Aliás, este termo da medicina é inútil e danoso para o trabalho em saúde mental. Em suma, são 5 características (há muitas outras...) que se interpenetram numa produção conceitual apenas esboçada.
A.M.
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