domingo, 8 de setembro de 2019

ébano

quando eu nascer outra vez
quero ser negra retinta
e os meus cabelos crespos
deixá-los à carapinha
brancos só mesmo os dentes
e nos olhos azeviche
carregar a minha áfrica
seu sol ardente sua púrpura

quando eu nascer outra vez
vou dançar com o meu povo
no compasso do batuque
e dentro da pele quente
conduzir-me à altura
da cor e da raça esplêndidas
da beleza de ser gente
no coração –– na estatura


Líria Porto

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