sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

LINHAS DO DESEJO

Diariamente, agora, o deus de faces fogosas dirigia, nu, sua quadriga exalando brasa, pelos espaços do céu, e seus cachos amarelos esvoaçavam ao sopro do vento leste. Um brilho sedoso e branco pairava sobre a extensão do preguiçosamente flutuante Ponto. A areia ardia. Sob o tremeluzir prateado do azul do éter, lonas cor de ferrugem estavam estendidas em frente às cabinas e, sobre as manchas de sombra de limites precisos que ofereciam, a gente passava as horas da manhã. Mas era delicioso também à noite, quando as plantas do parque tinham um perfume balsâmico, as estrelas, lá em cima, executavam a sua ciranda, e o murmúrio do mar, envolvido na noite, subindo silencioso, conjurava  a alma. Uma  noite destas trazia a alegre promessa de um novo dia de sol, com sua ociosidade levemente ordenada e enfeitada e inúmeras e bem unidas possibilidades de agradáveis surpresas (...)

Thomas Mann - do livro A morte em Veneza

Um comentário:

  1. ... infelizmente, num planeta onde tb resplandecia um paraíso, um sub mundo perfeito, que por inocência..., descuidaram..., surgindo uma geração de humanos, os quais, implantaram "Ordens"..., "MAS", não se enganem..., pq a doce vingança dos habitantes nativos, será qdo esses humanos, comerão somente "cifras" nos ensopados, a vapor, em banho maria, em assados, a milanesa, em frituras, nos fast food, nos self's services, nos alacartes, nos diet's, nos light's, nos integrais, nos in box's, nas saladas, nas massas, nos sucos, nas sobremesas, etc... E aí? terão que usar toda a criatividade...

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