sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

PERCEBER  O  SEM - FORMA

O  encontro com o paciente substitui  o exame, já  que  o paciente    “se  sustenta”   pelos  afetos. O  exame não  capta  os  afetos.   Ele    busca  visibilidades.  Mas  a  mente   não  é  visível,  mensurável  ou    palpável.  O    humor  é    o   afeto  que  mais se aproxima de uma “mensuração”. Há     graus de variação   a   respeito [1].  Desse  modo,   a opção  pela  pesquisa do  humor  não  deixa  de considerar a  sua  importância  semiológica. A  clínica do  Humor é uma prática que  se impõe, às vezes  de forma  positivista,  fabricando  deprimidos  crônicos no  lugar  de  subjetividades  potentes. Deprimidos  crônicos ou ex-deprimidos agudos.  Contudo, para  além  do  humor,  afetividades  insistem.  O  problema  é: quem  as  detecta?  Os  afetos  são mais profundos  que  o  humor,  se   ligam   às  crenças   e   é  através  delas que  o paciente obtém uma consistência básica para  existir. “Eu acredito”, diria alguém, mas  “acredita  em quê?” (...)

Antonio Moura


[1] Ver Andreasen, N. C., Admirável  Cérebro Novo, Porto Alegre, Ed. Artmed, 2005, p.176, “ o termômetro  do  humor”.

Um comentário:

  1. Ontem eu vi um louco. Finalmente.
    Enjaulado lá, me olhando, meio curioso. Ambos curiosos, eu e ele. Que criatura estranha!
    Para um primeiro contato, foi muito interessante. Houve o encontro.
    Graças a Deus eu estava seguro, ele não podia me fazer mal, não podia atravessar o Mundo Invertido, o louco estava preso. Ufa!

    Ele estava lá, do outro lado, do espelho, sério.

    E eu sorrindo...

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