sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O neuro-behaviorismo e uma falsa representação da mente humana 

30 de Julho de 2012. Serviço Noticioso Um Mundo A Ganhar.

A seguinte recensão literária foi escrita por Lindsay Wright, autora de «As mulheres já são consideradas humanas?» no SNUMAG de 11 de Outubro de 2010 [não disponível em português]. Acolhemos de bom grado recensões de livros e filmes e outros artigos que expressem as opiniões dos seus autores.

Aping Mankind – Neuromania, Darwinitis and the Misrepresentation of Humanity
[A Macaqueação do Género Humano – Neuromania, Darwinite e a Representação Distorcida da Humanidade] 
por Raymond Tallis (Acume, 2011)

Raymond Tallis, até se ter reformado, trabalhou como médico e investigador especialista em neurologia clínica. O seu recente livro Aping Mankind é uma crítica à forma como a neurologia e a teoria da evolução são abusivamente usadas para defender que o comportamento humano é essencialmente determinado pela biologia, enquanto o papel da consciência humana e os factores sociais e culturais são, quanto muito, postos de lado ou simplesmente ignorados.

A primeira coisa que se deve dizer é que Tallis apoia integralmente a teoria da evolução de Darwin como explicação para a existência da espécie humana (Homo sapiens). O que Tallis está a criticar é a utilização da teoria da evolução de Darwin para explicar o comportamento humano. Diz ele:

«Eu não estou a questionar a origem biológica do organismo Homo sapiens. A verdade da teoria da evolução está para além de qualquer dúvida razoável.» (pág. 239)
«O meu ataque à darwinite [...] não tem nada a ver com o questionamento pela cintura bíblica [região dos EUA com uma grande influencia fundamentalista cristã – NT] da veracidade da ideia central de Darwin de que as espécies, incluindo o Homo sapiens, foram criadas por mecanismos de selecção natural de variação aleatória [...]»

«A selecção natural afasta a necessidade de se procurar um criador. Nada num organismo vivo foi projectado, quer tivesse sido de uma forma inteligente, superinteligente ou estúpida. Não há nenhuma necessidade de se procurar uma mão moldadora consciente para se explicar o sugimento de criaturas complexas.» (págs. 210-211)

Criticar o uso da teoria da evolução para caracterizar o comportamento humano é vital porque esse behaviorismo evolutivo é uma pseudociência que se mascara de verdade objectiva. A teoria é usada para defender que o nosso comportamento é determinado pela evolução, pelos genes e pelas estruturas do cérebro, pelo que a «vontade livre» (a ideia de que o comportamento é mais do que uma resposta automática) e consequentemente a própria consciência são consideradas ilusões. Estas ideias não só ignoram o papel da consciência no comportamento humano, como também não reconhecem a importância da interacção dinâmica entre o pensamento humano (o qual envolve a relação entre o cérebro e o resto do corpo) e a realidade material «exterior» ao indivíduo, incluindo o mundo social com toda a sua complexidade. Pelo contrário, o que nos é oferecido é uma visão estática e uniforme do comportamento humano que não consegue explicar porque é que a conduta humana varia de sociedade para sociedade, já para não dizer que a mesma pessoa pode agir de maneiras diferentes em momentos diferentes.
(...)

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