ÉTICA NA CONTRA-MARÉ
(...) Antes da técnica é preciso compor linhas de vida. Implica em dizer que o trabalho com o paciente segue a arte como experimentação. Experimente, não interprete, diz Deleuze. Os dados da história pessoal e das contingências atuais estão baralhados na superfície do Encontro. O trabalho será o de destruir formas sociais rígidas (por exemplo, o mercantilismo, o afã de medicar, o diagnóstico cidológico, o corporativismo médico, etc) e criar dobras, saídas, mesmo ínfimas e imperceptíveis, para os impasses existenciais. Atender o paciente é encontrar a loucura. Interessa (ou deveria...) pois, ao psiquiatra, sair de si na direção de um campo vivencial movediço, sem pressupostos morais, garantias prévias, sem receitas ou protocolos técnicos. Sob tais condições, torna-se um feiticeiro. Carrega o seu balaio de conceitos na espreita de mais um Encontro em que possa usá-los.
(...)
A.M.
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