sábado, 9 de abril de 2016

    Acho tão Natural que não se Pense


     Acho tão natural que não se pense 
     Que me ponho a rir às vezes, sozinho, 
     Não sei bem de quê, mas é de qualquer cousa 
     Que tem que ver com haver gente que pensa ...
     Que pensará o meu muro da minha sombra?   
     Pergunto-me às vezes isto até dar por mim  
     A perguntar-me cousas. . . 
     E então desagrado-me, e incomodo-me 
     Como se desse por mim com um pé dormente. . .

     Que pensará isto de aquilo? 
     Nada pensa nada. 
     Terá a terra consciência das pedras e plantas que tem? 
     Se ela a tiver, que a tenha... 
     Que me importa isso a mim? 
     Se eu pensasse nessas cousas, 
     Deixaria de ver as árvores e as plantas 
     E deixava de ver a Terra, 
     Para ver só os meus pensamentos ... 
     Entristecia e ficava às escuras. 
     E assim, sem pensar tenho a Terra e o Céu.


      
      Alberto Caeiro

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