sábado, 30 de dezembro de 2017

COMO PENSAR

É muito difícil o exercício de pensar. Não basta ter um cérebro, não basta ter conhecimento. O cérebro mente, o conhecimento entorpece. Antes, pensar é empreender uma espécie de raspagem no solo idealista das categorias platônicas e cartesianas. Entre outras doutrinas,  e contra elas, pensar é partir... para além do cais... "seguir sempre a linha de fuga do vôo da bruxa." Esta frase do livro "O que é a filosofia?" (Deleuze e Guattari, 1992) coloca o pensamento no tempo infinitivo, aquilo que faz vivenciar na carne o vôo da bruxa. Ora, para onde, mesmo, estaria ela indo? Pensar é um ato corpóreo, visceral, material, inscrito como prática social de uma maquinação desejante. Pensar é desejar. Não sendo isso, estamos e estaremos afundados no universo da representação das coisas (humanas e inumanas). Aí o pensamento não entra, ou só entra se for convertido aos códigos estáveis da razão, da consciência e do eu.

A.M.

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