domingo, 24 de dezembro de 2017

DIREITA INTELIGENTE

Alguns fatos poderiam indicar que o clima de rejeição de Temer começa a diminuir. O primeiro foi a última pesquisa do Ibope no qual, em vez de continuar despencando, os índices mostram uma pequena melhora. Cerca de 3% deixaram de rejeitá-lo, aumentando em três pontos percentuais os que o aprovam. Com os índices de desaprovação extremos sofridos até ontem, o fato de que, de repente, podem ter aumentado em seis milhões de pessoas os que consideram seu desempenho bom, não deixa de ser significativo.

Uma charge humorística chegou a apresentar uma desaprovação de 105% do presidente afirmando que não só todos os vivos, mas também até os mortos estavam começando a rejeitá-lo. Frente a isso, o novo Ibope deve ter reanimado um pouco o demônio Temer.

Mas há mais. Acaba de ser revelado pelo jornal Folha de S. Paulo, que no início de outubro, a alta hierarquia do império Globo pediu e conseguiu, na residência de um dos irmãos Marinho, um almoço com o presidente Temer que parece um desejo de reconciliação com ele, depois que a Globo tinha colocado todo seu peso a favor de sua destituição por causa das acusações de corrupção e depois de ter pedido em um editorial sua renúncia para o bem do Brasil.

Sabe-se agora que naquele almoço Temer foi claro e duro com os líderes da Globo, alegando que tinham se precipitado ao condená-lo antes de ter provas concretas contra ele. Segundo a Folha, Temer lembrou, com uma certa ironia que não é suficiente uma delação para considerar alguém culpado e trouxe à tona a questão espinhosa do delator Alejandro Buzasco que acaba de acusar a TV Globo de pagar suborno pela transmissão de campeonatos de futebol e que a empresa rejeita com violência como falsa.

Talvez os dirigentes da Globo não foram capazes de intuir a capacidade de resistência aos golpes do político veterano que, contra todos os prognósticos, conseguiu ficar no cargo sem sofrer um impeachment pelo Congresso, nem ser forçado a deixar o cargo, apesar sua popularidade em frangalhos.
(...)

Juan Arias, El País, 20/12/2017, 20:23 hs

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