RIO - Um presépio com uma prostituta e um casal homossexual entre seus personagens — além do Menino Jesus, e de Maria e José —, e que já tinha sido apresentado como uma obra que representa os excluídos, não está mais em exibição no Convento de Santo Antônio, no Centro do Rio. No lugar das imagens, agora figura um pano preto. Conforme divulgado pelo jornalista Ancelmo Gois em sua coluna, os curadores informaram que retiraram a peça “a fim de evitar escândalos que em nada contribuem para fomentar o Espírito de Natal”.
O presépio, feito pelo artista plástico Luciano de Almeida, estava em exposição pela primeira vez no Rio, após passar por São Paulo, Alemanha e Itália. Há quem associe a retirada da obra à censura ocorrida no carnaval de 1989, quando o Cristo Mendigo de Joãosinho Trinta foi proibido pela Igreja de desfilar na Sapucaí e saiu coberto por plástico preto.
Em nota, a Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, ligada ao convento, afirmou que a decisão se deu pela compreensão distorcida de alguns grupos, e que o objetivo da peça era fazer uma provocação artística para o diálogo, a acolhida e a misericórdia. Ainda de acordo com o comunicado, “aquele que não veio para condenar, mas para salvar, sonha como um mundo onde o respeito seja a regra e, o amor, a lei maior”. Em outro trecho, afirma ainda esperar que a mesma indignação provocada seja capaz de sensibilizar quem se coloca como “fiscal da fé” diante de tantas realidades de morte, intolerância e exclusão.
Nesta quarta-feira, o convento e o curador da mostra, frei Róger Brunorio, não se pronunciaram. Em recente entrevista ao GLOBO, o frei tinha dito que a obra representava excluídos da sociedade.
Diego Amorim, O Globo, 28/12/2017, 06:45 hs
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