terça-feira, 19 de dezembro de 2017

E OS OUTROS?

Após amargar dois anos e meio de encarceramento, o empresário Marcelo Odebrecht troca nesta terça-feira o xadrez de Curitiba por mais dois anos e meio de cana domiciliar. Começa a usufruir do prêmio que obteve por ter colaborado com a Justiça. A imagem do príncipe da construção pesada desfilando uma tornozeleira eletrônica entre a pérgula da piscina e a academia de ginástica de sua mansão no bairro paulistano do Morumbi talvez estimule o brasileiro a se perguntar: e quanto aos delatados, quando serão castigados?

Dizia-se que a delação da Odebrecht conduziria ao fim do mundo. Deram com a língua nos dentes 77 executivos da empreiteira. Foi a maior delação da história. No Supremo Tribunal Federal, a megadeduragem resultou na abertura de inquéritos contra oito ministros de Michel Temer, 24 senadores e 37 deputados. No Superior Tribunal de Justiça, aportou o pedaço da podridão associado a 12 governadores. E o Apocalipse ainda não chegou para nenhum acusado graúdo. Todos permanecem ativos, soltos e impunes.

Houve um tempo em que o Brasil era um país de corruptos sem corruptores. Com o advento da delação, tornou-se uma nação de corruptores confessos e corruptos inocentes. Houve algum avanço, pois os políticos sem mandato estão presos, como Eduardo Cunha; roçam as grades, como Lula; ou aguardam na fila, como Dilma. Mas a impunidade ainda socorre quem dispõe do escudo do foro privilegiado. Não há nos tribunais superiores de Brasília o vestígio de uma mísera condenação na Lava Jato.
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Do Blog do Josias de Souza, 19//12/2017, 05:24 hs

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