quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

POÉTICA DOS ENCONTROS

Uma linguagem poética alumia os corpos que antes se arrastavam como organismos em ordem unida, serializados em zumbis modernos. Deste modo, desarruma os enunciados da razão esperta em prol dos afetos que circulam sem começo nem fim. Não é o poeta o único que expressa a "sua" poesia, mas sim as multiplicidades: elas formigam, deslizam e pulsam em horas desérticas e transitórias. Habitam a chamada "pessoa humana"e se nutrem de micro-signos no círcuito enlouquecido do viver por viver. Rumo às intensidades de um devir-criança, todas as palavras são balbuciadas, embaralhadas e extraídas ao acaso dos encontros. E tudo recomeça sob a égide da criação irreversível do tempo, em meio às velocidades mais estonteantes dos dias tecnológicos. Neste cosmos subjetivo uma poética da diferença afirma a superioridade dos corpos lisos e inocentes sobre organismos endurecidos pelas agências do poder invisível e cruel. Só desse modo o ato de pensar a clínica e a vida, encharcado de afeto e mistério, nasce a cada segundo. Como um raio.

A.M.

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